Campo Grande tem 62 favelas e 46 mil pessoas à espera de dignidade e regularização, diz associação

Campo Grande tem 62 favelas mapeadas, onde mais de 46 mil pessoas vivem sem o mínimo de infraestrutura. Faltam saneamento, escritura, escola, saúde e transporte. Em muitos desses locais, as casas são de alvenaria, mas a estrutura do bairro permanece precária.

De acordo com a Associação das Mulheres das Favelas de Mato Grosso do Sul, essa condição de vulnerabilidade define a situação. A favela não é só barraco de lona, mas todo lugar onde falta o básico para viver com dignidade.

Um levantamento feito pela associação aponta que 90% das famílias nessas regiões são chefiadas por mulheres, muitas delas mães solo. O balanço inclui oito aldeias urbanas e comunidades espalhadas por regiões como o Lagoa e o Anhanduizinho, onde está localizada a Homex, considerada a maior favela do Estado.

“Às vezes, uma comunidade está dentro de um bairro periférico, em casas de alvenaria, mas sem esgoto, sem energia, sem água potável. Isso também é viver em situação de favela. A favela não é só barraco de lona”, explica Lívia Lopes, presidente da associação.

“O que queremos é o básico, é moradia digna, saneamento, escola perto, posto de saúde e transporte. É o mínimo para poder sobreviver.”

Mulheres à Frente da Luta

A Associação das Mulheres das Favelas de MS nasceu em 2020 a partir do projeto Mães da Favela, criado por Lívia e pela vice-presidente Letícia Polidoro. A entidade atua com voluntários, doações e ações sociais nas comunidades, com foco especial em mulheres, crianças e idosos em situação de vulnerabilidade.

“A gente sempre acreditou que as mudanças começam quando o povo tem voz. É isso que buscamos, dar visibilidade às famílias que vivem nas comunidades de Campo Grande e mostrar que essas pessoas existem, trabalham e merecem respeito”, destaca Lívia.

Preparativos para Audiência Pública

Na manhã desta quinta-feira (23), Lívia Lopes, Letícia Polidoro, Henrique Reis (diretoria da associação) e Luana Sena (militante da causa das favelas) estiveram reunidos com o vereador Landmark Rios (PT) e sua equipe. O tema do encontro foi a Audiência Pública de Regularização das Favelas, marcada para o dia 14 de novembro, às 8h, na Câmara Municipal de Campo Grande.

O encontro marcou mais um passo na construção coletiva da audiência, que reunirá representantes da Prefeitura, dos governos Estadual e Federal, Defensoria e Judiciário, além de moradores das comunidades, para debater soluções de regularização fundiária e moradia digna em áreas públicas e particulares.

“Essa audiência é importante porque é o momento de dar voz a quem vive a realidade todos os dias. O povo precisa ser ouvido e os políticos precisam escutar”, afirmou Lívia.

Dar voz aos moradores

O vereador Landmark Rios, propositor da audiência, ressaltou que o objetivo é colocar as comunidades frente a frente com quem tem o poder de decidir. Ele quer abrir espaço para que as soluções venham do diálogo direto entre moradores e autoridades.

“O que a gente quer é dar voz para quem vive o problema. As famílias precisam ser ouvidas e respeitadas. A regularização é uma questão de justiça social, de garantir o direito à moradia e a um endereço digno”, afirmou Landmark.

A audiência pública vai debater propostas de regularização das comunidades localizadas em áreas do município, da União, do Estado e particulares. O objetivo é construir um plano de ação conjunto que envolva poder público e moradores.

“Essa é uma luta que começa com escuta. É isso que vamos fazer no dia 14, entendendo as realidades e cobrando soluções de verdade”, concluiu o vereador.

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