
A criação de um programa específico de habitação para povos indígenas em contexto urbano foi um dos principais pontos debatidos em audiência pública realizada na noite de quarta-feira (18), na Aldeia Água Bonita, no Bairro Tarsila do Amaral. O encontro, promovido pela Câmara Municipal de Campo Grande, reuniu lideranças indígenas, vereadores e representantes do poder público.
O vereador Landmark Rios (PT), que secretariou a audiência, destacou a importância de garantir políticas públicas permanentes voltadas à população indígena da Capital. “Essas audiências públicas trazem visibilidade para os nossos indígenas de Campo Grande. Nós temos essa população urbana indígena dentro de Campo Grande que precisa ser assistida com habitação e qualidade, respeitando toda a sua cultura. Com o governo Lula avançamos em cotas, ampliamos a participação indígena nos espaços de decisão política e criamos o Ministério dos Povos Indígenas, mas é preciso que a Prefeitura também apresente projetos executivos para garantir moradia e serviços básicos”, afirmou.
A cacique Alicinda Tibério, da Aldeia Água Bonita, reforçou que o debate chegou “tarde demais” diante da realidade vivida pelas comunidades. “Já está mais do que na hora de se criar políticas públicas voltadas ao nosso povo. Nossas crianças cresceram, viraram adolescentes e jovens, mas as casas continuam pequenas. É hora de reivindicar e falar o que queremos para que as coisas avancem”, declarou.
O presidente da Associação de Moradores da Aldeia Água Bonita, Aldo Romero, chamou atenção para a falta de escola e transporte escolar adequado. “Estamos precisando de soluções para agora. Tem criança de 4, 5 anos que precisa andar 1.800 metros até a escola, sem ônibus, porque a lei exige 2 km para garantir transporte. Isso precisa ser revisto”, cobrou.
O deputado estadual Pedro Kemp (PT) também participou e destacou que a população indígena urbana muitas vezes sofre com a falta de responsabilidade dos entes públicos. “No contexto da comunidade indígena urbana nem sempre o poder público assume as políticas necessárias, e isso vira um jogo de empurra entre Funai, Prefeitura e Governo do Estado. Precisamos de legislação que assegure os direitos dessas comunidades e defina claramente as responsabilidades”, disse.
A audiência foi presidida pela vereadora Luiza Ribeiro (PT), presidente da Comissão Permanente das Causas Indígenas, que reforçou a necessidade de articulação entre governo federal, estadual e municipal para garantir moradia e dignidade aos povos originários em Campo Grande.
Texto: Renan Nucci
Foto: Pedro Roque



