
A Câmara Municipal realizou nesta segunda-feira (29) audiência pública para prestação de contas da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) referente ao 2º quadrimestre de 2025. A apresentação feita por técnicos da pasta trouxe dados sobre atendimentos, consultas, internações, vacinação e repasses, mas não convenceu os vereadores. Para o vereador Landmark Rios (PT), a situação da saúde em Campo Grande exige respostas rápidas e ações emergenciais.
“Trouxe aqui uma lista de remédios faltando nas unidades de saúde, é grave. Vocês precisam ter uma estratégia de emergência com a saúde de Campo Grande. De emergência.”, alertou Landmark.
O parlamentar também defendeu os trabalhadores da rede, lembrando que a sobrecarga atinge diretamente médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.
“Nós precisamos olhar para quem está na ponta. A pressão é enorme, os servidores estão adoecendo, muitos pedindo transferência por não aguentarem a rotina. É preciso cuidar da saúde mental desses profissionais, porque sem eles não existe funcionamento de unidade nenhuma”, destacou.
Gestão provisória da Sesau
Desde a exoneração da então secretária Rosana Leite, no início de setembro, a Sesau é comandada por um comitê gestor formado por seis integrantes, coordenado por Ivoni Kanaan Nabhan Pelegrinelli, servidora de carreira da Prefeitura. O grupo é responsável por administrar a secretaria e levantar o diagnóstico das principais necessidades do setor.
Durante a audiência, Ivoni afirmou que o comitê está atuando para melhorar o abastecimento de medicamentos e insumos, além de buscar reestruturar as unidades de saúde.
“O comitê está preocupado com o abastecimento e em levar melhor qualidade de atendimento à população. Estamos trabalhando para fechar o diagnóstico o mais rápido possível”, disse.
Déficit na aplicação de recursos
De acordo com o relatório, o município deveria ter aplicado cerca de R$ 1,4 bilhão em despesas até o segundo quadrimestre de 2025, mas apenas R$ 526 milhões foram efetivamente pagos. O dado foi questionado pelo Dr. Ronaldo Souza, representante do Ministério da Saúde em Mato Grosso do Sul.
“Existe um déficit de aplicação dos recursos previstos e isso reflete diretamente no atendimento das pessoas. Não há falta de recursos, o que precisamos é de gestão efetiva. O SUS é viável e Campo Grande tem condições de garantir medicamentos, hospital municipal, contratações e insumos. O que não pode é continuar nessa lógica de gastar menos no público e mais com serviços privados, que atendem menos e custam mais caro”, afirmou Ronaldo.
O relatório também apontou que a Sesau gastou R$ 21 milhões para cumprir ordens judiciais neste ano, sendo R$ 6 milhões em fraldas e R$ 7 milhões em dietas. Além disso, R$ 27 milhões foram sequestrados da conta da secretaria por descumprimento de determinações judiciais, em sua maioria relacionadas a cirurgias não realizadas.
Situação nas unidades
Para Landmark, os números apresentados não condizem com a realidade. Ele relatou denúncias de servidores e usuários sobre a precariedade nas unidades de saúde.
O vereador também denunciou atrasos no pagamento de fornecedores, que já ameaçam suspender entregas de medicamentos e insumos.
“Há fornecedores à beira da falência, porque entregaram remédios e não receberam. Isso é um absurdo e precisa de resposta urgente”, criticou.
Além da falta de medicamentos, Landmark destacou problemas básicos como a ausência de impressoras e até de álcool em algumas unidades.
“O papel não anda sozinho. Precisamos de planejamento, mas também de ação imediata. O orçamento fecha em três meses e a população não pode esperar. Saúde é vida, e vida não pode ficar em lista de espera”, concluiu.
Foto: Pedro Roque
Renan Nucci
Assessoria de Imprensa do Vereador



