Landmark critica descaso no transporte coletivo e cobra solução definitiva

Mais uma vez, os trabalhadores e usuários do transporte coletivo de Campo Grande foram penalizados por falhas na gestão do sistema. Na manhã desta quarta-feira (22), motoristas do Consórcio Guaicurus paralisaram as atividades por algumas horas em razão do atraso no pagamento do adiantamento salarial, previsto para o dia 20. O resultado foi ônibus parados, superlotação e demora para chegar ao trabalho.
O STTCU (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande informou que caso a situação não seja regularizada, haverá uma nova paralisação na próxima segunda-feira, dia 27 de outubro. Informações são de que o atraso no pagamento dos motoristas estaria ligado à falta de repasses da prefeitura ao consórcio.
Para o vereador Landmark Rios (PT), a situação é reflexo direto da falta de fiscalização e da omissão do Executivo Municipal, que há anos permite que a população seja refém de um sistema precário e sem transparência.
“Quem paga a conta é sempre o povo, seja através dos repasses milionários de dinheiro público ao consórcio, seja enfrentando ônibus velhos, sem ar-condicionado e que não cumprem horário. O trabalhador é quem sofre enquanto a prefeitura e o consórcio seguem trocando acusações e não resolvem o problema”, criticou.
Landmark lembrou que foi um dos primeiros vereadores a assinar pela abertura da CPI do Transporte Coletivo, criada para investigar as irregularidades no contrato entre a Prefeitura e o Consórcio Guaicurus. O relatório final, com mais de 200 páginas, apontou graves falhas de gestão e indícios de má administração dos recursos públicos.
Entre as constatações estão a movimentação financeira suspeita de R$ 32 milhões, a venda de imóvel sem explicação pela Viação Cidade Morena, além de despesas de manutenção que saltaram de 250 mil para 11 milhões de reais em apenas dois anos.
O documento também revelou que o município negligenciou a fiscalização do transporte público, “deixando de investir em infraestrutura, modernizar a legislação e realizar concursos para reforçar as equipes da Agereg e da Agetran”.
“O relatório foi claro ao apontar que há falhas graves na gestão e na regulação do transporte coletivo. Mas até agora, nenhuma providência efetiva foi tomada. Enquanto isso, a frota envelhece, a passagem aumenta e o serviço piora”, afirmou Landmark.
Além de participar ativamente da CPI, o vereador é autor do projeto “Ar no Busão”, que determinava a climatização dos novos ônibus do transporte público. O projeto foi aprovado pela Câmara, mas vetado pelo Executivo e cujo veto foi posteriormente mantido pelos próprios vereadores.
“Infelizmente, o veto ao ‘Ar no Busão’ tirou do trabalhador o direito de ter um transporte digno, com ar-condicionado e conforto mínimo. Campo Grande é uma cidade quente, e o povo anda espremido em ônibus sem ventilação, pagando caro por um serviço que não entrega o básico”, lamentou.
Para Landmark, o impasse entre o Consórcio Guaicurus e a Prefeitura, que travam uma guerra judicial há anos sobre o suposto “desequilíbrio financeiro” do contrato, não pode continuar servindo de desculpa para o descaso com o transporte público.
“Enquanto o consórcio reclama de prejuízo e a prefeitura diz que cumpre o contrato, o povo segue esperando no ponto. A cidade precisa de uma solução definitiva, que passe por uma revisão tarifária justa, pela renovação da frota e por uma gestão com transparência e respeito”, cobrou o vereador.
Vereador cobra explicações da Prefeitura e do Consórcio Guaicurus
Diante do novo episódio de paralisação, o vereador Landmark encaminhou dois ofícios oficiais cobrando explicações e medidas imediatas sobre o impasse.
Um dos ofícios, endereçado à prefeita Adriane Lopes, solicita informações sobre eventuais pendências financeiras entre o município e o consórcio, bem como as providências adotadas para evitar novas interrupções do serviço.
Já o o outro ofício, enviado ao diretor-presidente do Consórcio Guaicurus, Themis de Oliveira, requer detalhamento dos valores em aberto, das ações tomadas para garantir o pagamento dos motoristas e dos documentos trocados com a Prefeitura sobre a questão.
“A Câmara tem o dever de fiscalizar e cobrar respostas. O transporte público é um serviço essencial e não pode ser tratado com descaso. A população quer transparência e solução, não justificativas”, reforçou Landmark.



